Leitura
levinha mesmo..Mas leia se achar que deve. A Fuvest é daqui a pouco.
Oficina Irritada
Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.
Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.
Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.
Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
Carlos Drummond de Andrade
Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.
Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.
Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.
Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
Carlos Drummond de Andrade
COMPREENSÕES
LEVÍSSIMAS. LEIA COM CALMA. VAI QUE CAI?
· Reflexão
da qual extraio um filete: o que é um poeta, um poema, melhor dizendo,
frente às estrelas altivas?Frente à grandeza do universo?
· Mais?
Leia se estiverem descansados.
· DECASSÍLABOS ( a estética não é mais
gratuita e livre, o eu lírico arma um construto bem clássico
· ANÁFORA – EU QUERO + EU QUERO / não + não
· ÚLTIMO VERSO: IRONIA + OXÍMORO ( CLARO
ENIGMA)
· Intertextualidade em: ‘’Maligno ar
imaturo/ao mesmo tempo saiba ser, não ser’’ ( evoca SHAKESPEARE: SER OU NÃO SER, ESTA A QUESTÃO).
· Arcturo também se
liga a Camões em Os Lusíadas, Canto I.
·
· “há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro”: o poeta olha a Vênus, o padrão de beleza clássico a que ele se curva em Claro Enigma, mas ‘zoa’ com ela, sendo seu pedicuro, fazendo-a sofrer. Perceba que ele segue a mitologia grega; mas tira um sarrinho dela. Esse é nosso querido Drummond.
tendão de Vênus sob o pedicuro”: o poeta olha a Vênus, o padrão de beleza clássico a que ele se curva em Claro Enigma, mas ‘zoa’ com ela, sendo seu pedicuro, fazendo-a sofrer. Perceba que ele segue a mitologia grega; mas tira um sarrinho dela. Esse é nosso querido Drummond.
· Metalinguagem constante
– questiona-se o fazer poético, amarra-se a necessidade de forma e conteúdo
· ‘’Ninguém o
lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender’’
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender’’
O poeta aí se dirige ao
mundo fantástico e absoluto ( veja o surgimento de outro sol, Arcturus).
Ocorre que a construção
poética alcança de fato outros mundos ( Arcturo); mas sente ESTRANHEZA ( se
deixa surpreender). Percebamos também que que tal construção poética, ainda que
atinja alturas não deixa de ser ‘tiro no muro’, ruído apenas e não, ação de matar.
Mas tal construção ainda que inserida no cotidiano tem a força e forma
para alcançar outros sóis. Repare esse contraste não só nesse poema como também
em outros.
AINDA: EU VI LIGAÇÃO DESTE POEMA ( MAIS INTERTEXTUALIDADES) COM O DE BILAC, UM PARNASIANO, EXECRADO PELOS MODERNISTAS.
MAS ISSO FUI EU QUEM VIU. NÃO VÁ NA COLA. MAS LEIA SÓ.
Não quero o Zeus Capitolino Hercúleo e belo, Talhar no mármore divino Com o camartelo.
AINDA: EU VI LIGAÇÃO DESTE POEMA ( MAIS INTERTEXTUALIDADES) COM O DE BILAC, UM PARNASIANO, EXECRADO PELOS MODERNISTAS.
MAS ISSO FUI EU QUEM VIU. NÃO VÁ NA COLA. MAS LEIA SÓ.
Não quero o Zeus Capitolino Hercúleo e belo, Talhar no mármore divino Com o camartelo.
Olá, Rose Preciso entrar em contato com você. Por gentileza, me passe seu e-mail. O meu é keipinezi@gmail.com
ResponderExcluir